

Fiéis se despedem do papa Francisco na Basílica de São Pedro
Os fiéis começaram a entrar nesta quarta-feira (23) na capela-ardente do papa Francisco, instalada no interior da Basílica de São Pedro, para prestar suas homenagens ao primeiro pontífice latino-americano.
O caixão com o corpo de Jorge Mario Bergoglio foi colocado, aberto, diante do imponente baldaquino barroco da basílica, com seu inseparável rosário entre as mãos e casula vermelha.
O papa que veio "do fim do mundo", eleito em 2013, inicia assim sua última viagem, que terminará no sábado (26) com o sepultamento na Basílica de Santa Maria Maior de Roma, o primeiro de um papa fora do Vaticano desde Leão XIII em 1903.
Para o último adeus, centenas de fiéis aguardavam desde o início da manhã na Praça de São Pedro, onde no domingo Francisco fez uma aparição pública e se encontrou com a multidão a bordo do papamóvel.
Dois dias após sua morte em consequência de um derrame na manhã de segunda-feira, a tristeza ainda domina os católicos, em particular porque um dia antes Francisco havia feito uma aparição pública no Domingo de Páscoa.
"Eu tinha que vir", declarou à AFP Ana Montoya, uma mexicana de 33 anos que esperava sua vez, com uma cruz dourada e um rosário pendurado no pescoço, para poder se despedir pessoalmente de Francisco, a quem considera "um membro da família".
O caixão foi transportado durante a manhã em procissão, da residência de Santa Marta, onde faleceu na segunda-feira, aos 88 anos, até a Basílica de São Pedro.
Ao ritmo de orações e badaladas de sinos em um dia ensolarado, o cortejo fúnebre foi acompanhado por cardeais e integrantes da Guarda Suíça. Quando o caixão atravessou a praça, os fiéis aplaudiram emocionados.
Ao contrário de seus antecessores, o corpo de Francisco não foi posicionado em um catafalco. Este foi um pedido expresso do líder espiritual de 1,4 bilhão de católicos no mundo, que aspirava mais simplicidade e sobriedade nos ritos.
- "Último capitão da Igreja" -
Roma se prepara para receber dezenas de milhares de católicos nos próximos dias. Quando seu antecessor Bento XVI faleceu em 31 de dezembro de 2022, quase 200.000 pessoas passaram diante de seu caixão.
Mas com seu estilo austero e cordial, o jesuíta argentino despertou um maior fervor popular durante seus 12 anos de pontificado, o que também rendeu críticas do setor mais conservador da Igreja Católica.
Diante da maré humana prevista, as autoridades italianas adotaram várias medidas nesta quarta-feira: barreiras de metal para organizar a chegada de visitantes, distribuição de garrafas de água e reforço nos controles de segurança, entre outras.
Para entrar na Basílica de São Pedro, os fiéis devem passar por controles de segurança similares aos dos aeroportos, colocando seus pertences em máquinas de raio X e passando por detectores de metais.
Grupos de policiais estão posicionados nas diferentes entradas e vigiam as filas. Alguns também patrulham as ruas que conduzem à basílica.
Os jogos da fase de grupos das Copas Libertadores e Sul-Americana respeitarão esta semana um minuto de silêncio, em novas homenagens do mundo do futebol ao "último capitão da Igreja", como a de seu amado clube San Lorenzo de Almagro.
- Reunião de cardeais -
Muitos líderes governamentais confirmaram presença no Vaticano para a missa fúnebre, que acontecerá sábado, na Praça de São Pedro.
Um dos primeiros foi o presidente americano Donald Trump, a quem Francisco criticou por sua política anti-imigração. O argentino Javier Milei, que chegou a insultar seu compatriota há alguns anos, também comparecerá ao funeral.
Outros presidentes aguardados são o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o equatoriano Daniel Noboa e o francês Emmanuel Macron, assim como o rei Felipe VI da Espanha e o secretário-geral da ONU, António Guterres, entre várias autoridades.
O ministro italiano do Interior, Matteo Piantedosi, anunciou que as autoridades esperam a chegada a Roma de entre 150 e 170 delegações estrangeiras, além de dezenas de milhares de pessoas.
A morte do papa argentino, que nunca retornou ao seu país natal como pontífice, também deu início à contagem regressiva para a escolha de seu sucessor.
O conclave, ainda sem data, para escolher o novo sumo pontífice deve começar no prazo de 15 a 20 dias após sua morte. Mais de dois terços dos 135 cardeais eleitores foram nomeados por Francisco.
Quase 60 cardeais já presentes em Roma participaram na terça-feira de uma primeira "congregação geral" para decidir a data do funeral. Outra reunião, com o camerlengo Kevin Farrell à frente, está programada para esta quarta-feira à tarde.
T.Luyten--LCdB